sexta-feira, 4 de abril de 2014

O que é que vale mais que dinheiro no mundo da DV?

Reconhecimento profissional. Aahhh.... ele!
O mais desejado, o mais buscado, o mais importante sonho dos nossos corações!
Ser querida! Ser respeitada! Ser apreciada!
Quase toda aquela que persiste no caminho da dança profissional, no fundo, move mundos e fundos pelo reconhecimento.
Crescer, se desenvolver, vencer, significa antes de mais nada, reconhecimento. Porque dele vem o dinheiro e o sustento da dançarina que ama o que faz e se dedica.
Mas não é de dinheiro somente que estamos falando, certo? Para isto, tantas dançarinas têm suas outras profissões, e mesmo aquelas, como eu, que não têm, não estão nesta exatamente por dinheiro, né?
Dinheiro é bom e todo mundo quer.
Mas aquilo que vale mais do que dinheiro, no mundo bellyco, é reconhecimento. Fotos no final do show, marcações com sorrisos e corações no facebook, ministrar workshop em outra cidade, ser convidada para o show de gala do festival...
Muitas vezes tudo isso cansa. Muitas vezes a gente faz de graça! Mas também é o que alimenta a nossa alma.
Poucas são aquelas que conseguem, no Brasil, de fato, receber para fazer tudo isto. E mesmo estas, pode ter certeza, de que já fizerem de graça muitas vezes. Porque é estratégico! Mas também porque é muito prazeroso...
Está ali, não tem como negar: É o ego!
Menina, não tem como fingir que não, todo mundo tem um! O exercício da humildade se faz importante, porque justamente sem ela, seria insuportável para as bellydancers conviverem umas com as outras.
E precisamos tanto umas das outras...
Até aí,  tudo lindo.
Mas e quando o reconhecimento não vem? E quando aquelas pessoas chamam todo mundo menos você?
A gente faz o nosso, agita a nossa panela, esperneia e acha que o resto não sabe de nada.
É ou não é?
Claro que cada produtor tem suas motivações e objetivos diferentes para realizar seus eventos, e muitos são lindos, válidos e muito sérios. Mas a verdade é que muita, muita gente por aí, tem como única motivação a auto promoção e a moeda de troca para ser chamada para outros eventos.
Eventos toscos, caça níquéis. Concursos mal elaborados, falta de condições, de preparo e etc.
Atrás do reconhecimento fazemos aula, conhecemos gente, fazemos social.
Atrás de reconhecimento, fazemos business e negociamos nossa própria felicidade como mercadoria.
O que fazer?
Exatamente tudo isso que a gente já faz! Não tem mesmo outro caminho, nem outra saída. A sobrevivência precisa de reconhecimento, um pouco de política nunca fez mal a ninguém.

O grande lance é tentar medir onde é que isto tudo te envenena e onde é que isto tudo te engrandece.

Às vezes o destaque para alguém que não merece, ou que você acha que merece mais que aquela pessoa estar na matéria da revista, a foto no site, o solo no festival....
Fazem parte do ser humano, o ciúme, a inveja e o despeito. Inútil posar de santa e dizer que nunca sentiu. Mentira. Mas também é do ser humano, a reflexão, a escolha, a superação.

É tão difícil, eu digo de minha parte, quando uma aluna a quem eu sei que ainda tenho muito a ensinar, vai fazer aula com outra pessoa. Sinto ciúmes, dependendo do caso. Mas preciso respeitar que ela tem seu direito de escolha e o direito de se sentir melhor em outro lugar. Às vezes é por causa da vida, facilidade de horários, ou  local..
Na maioria dos casos, a questão não é pessoal. Não apreciar sua dança, não significa que aquela pessoa te quer mal, ou não gosta de você. Ou até que aprecia sua dança sim, mas não é o momento de trocar com você, ou não que você não seja boa professora, mas naquela hora ela está se identificando mais com outra pessoa.
Somos inseguras, carentes, parciais. Estar bem, nos dias de hoje é um exercício diário.
É preciso olhar mais para aquelas que estão ao nosso lado, que nos fortalecem no nosso dia a dia. Que gostam de nós e estão no momento de trocar e de admirar sua arte. Encontre sua turma!

Estou falando com você, que é uma grande pessoa, profissional dedicada, bonita, criativa, estudiosa, com bons vídeos e fotos publicadas, mas que vê o tempo passar e ainda não viu o grande sonho do estrelato nacional / internacional acontecer.
Até porque ele é efêmero. É ilusório, é passageiro. Raras permanecem nele como uma diva de hollywood. A maioria um dia, tem que voltar para o Brasil. A maioria, um dia, acorda sem maquiagem no rosto e o que é que sobra, quando você  no espelho profundo da alma? O que cultivou com a dança? Quais flores foram plantadas para darem frutos?
A pessoa mais infeliz que conheço tem um grande reconhecimento internacional, mas se preocupa em invejar e prejudicar aqueles que não a veneram. Porque só olha para o que não tem, nunca para o que tem.

 Encontrar a sua turma, estar feliz nela, realizando suas coisas com o pé no chão.
Com o passar dos anos nada pode dar maior prazer e felicidade do que uma aluna iniciante em seu primeiro solo, ou aquela que cumpre seu curso com aproveitamento total, que você vê desabrochar.
Estar entre amigos, fazer o que se ama, sem se preocupar com o que os outros estão pensando.
Dançar para quem quer ver você dançar. Mesmo que a platéia esteja cheia daqueles que não querem. Estes não importam. E quem sabe, um dia, mudem de ideia.
Você nunca vai agradar a todo mundo, mas foque naqueles que te amam, e dão suporte para você realizar seus sonhos com generosidade e amor.
E procure ser feliz, sempre mais que o possível neste mundo egoísta, errado e torto.
Ainda assim, tudo está em seu lugar.