segunda-feira, 18 de abril de 2011

Dança do ventre e Profissionalização

Entrevista com Nadja El Balady
*Sobre profissionalização e Dança do Ventre.

1-  Por que é importante para a bailarina ter um registro profissional
em dança do ventre?
Nadja - É importante para dar garantia à aluna, ou ao contratante, um mínimo de qualidade no serviço prestado pela profissional. É importante para confirmar uma classe de trabalhadoras que luta por uma formação profissional de qualidade e faz parte de uma classe que possui direitos e deveres. Para afirmar nosso papel na sociedade.

2 -  O que a bailarina ganha fazendo o curso
profissionalizante de dança do ventre?
 
Nadja - Ganha o mais importante: conhecimento e prática. Através do curso ela pode entrar em contato com ferramentas que servirão ao seu desenvolvimento artístico. Técnica, teoria, prática de palco e de composição coreográfica. Muito mais do que uma animadora de ambientes, a bailarina torna - se uma artista.3 - Como era antes para se profissionalizar sem profissionais no Rio de Janeiro?
 
Nadja - Bom, não sei ao certo... mas tudo começa com o sindicato dos profissionais de dança do Rio de Janeiro, órgão ao qual somos filiadas... acredito que mesmo os promeiros registros tenham vindo através deste órgão.
4 - O que é lecionado (o que as alunas aprendem) nos cursos
profissionalizantes? E nas aulas de dança do ventre?

Nadja - Nas aulas de dança regulares a aluna toma contato com com seu próprio corpo e sua auto imagem. O ideal é que haja um trabalho de consciencia corporal para que ela possa conhecer como funcionam as articulações e grupos musculares mais ligados ao trabalho da dança do ventre. Isso através de exercícios de percepção e alguns movimentos da dança que caminham neste sentido. Trabalhamos postura, fortalecimento muscular e técnica de quadril e outros elementos técnicos relacionados ao trabalho de dança em geral. Existe toda a parte cultural a ser explorada em relação à cultura do oriente médio. É necessário que haja um entendimento das músicas que são dançadas e da cultura que está sendo representada. É preciso estudo dos ritmos musicais e ainda das danças populares relacionadas.
No curso profissionalizante, todo este conhecimento vem carregado de significado, do ponto de vista de quem vai utiliza - lo para seu ganha pão. Ensinar outras pessoas a dançar requer um aprendizado direcionado neste sentido. Utilizar este conhecimento com responsabilidade e criatividade em suas apresentações. Indo além, este é o momento do despertar artístico, onde podemos vislumbrar novos horizontes para quem tem a dança como meio de expressão. Aprender a compor coreograficamente, relacionando movimento e espaço da maneira mais criativa possível, sempre margeando este caminho com o conhecimento cultural adquirido.
 
5 - Onde é lecionado o curso profissional e as aulas? Quanto tempo dura? Quais dias ocorre o curso?
 
Nadja - O curso Profissionalizante Nadja El Balady é realizado no Portal Violeta, espaço holístico, na Tijuca. Sábados das 11:00 às 13:00, com 15 meses de duração.
6 - Depois de se profissionalizar a bailarina está pronta para dar aulas? Ela deve parar de fazer devido à formação ou sempre deve fazer workshops e aulas?
 
Nadja - É importante sempre se manter atualizada, freqüentando aulas e workshops de bons profissionais que venham complementar seu desenvolvimento. O fim do curso significa o início da profissionalização. Quanto a dar aulas, o ideal seria a freqüencia em um curso de graduação em licenciatura em dança, mas como isto não é possível na maioria dos casos, faço o possível para transmitir o máximo de experiência e orientação neste sentido.
7 - O que a dança do ventre representa para você? E quando está ensinando as suas alunas?
 
Nadja - Significa meio de transformação pessoal direta e social indiretamente. Significa bem estar e convivencia com pessoas afins. Significa o despertar da magia em nossas vidas, significa compartilhar a arte, a beleza, e a alegria. Auto estima e busca pela felicidade.
8 - O que é preciso ter em termos de conhecimento para ser uma boa bailarina e professora de dança do Ventre?
 
Nadja - Conhecimento, ao menos superficial, de anatomia e cinesiologia relacionados aos principais movimentos de dança oriental. É preciso conhecimento ritmico e musical árabe. É preciso conhecimento cultural e é preciso conhecer as dificuldades de quem aprende, para encontrar meios de transmitir o conhecimento.
9 - Além das aulas práticas, o que é ensinado na Escola de danças Orientais Asmahan?
Nadja - Companheirismo, respeito e crescimento pessoal e artístico. O processo de aprendizado visto como o desenvolvimento integral da mulher.

10 -  O que dança do ventre traz de retorno para você?
 
Nadja - Traz realização pessoal, grandes amigas e parceiras de arte, momentos únicos de vida, plenitude feminina, e o pão da minha mesa.
11-  Antes de Escolas profissionalizarem as bailarinas, como era feito o registro
profissional?
 
Nadja - Na verdade as escolas ainda não profissionalizam plenamente, mas encaminham para a profissionalização. Infelizmente ainda não temos recursos suficientes para administrar projeto completo que possa ser reconhecido pelo MEC como verdadeiramente profissional, embora este seja meu maior sonho.
Viabilizamos o conhecimento da melhor foma possível e encaminhamos as formandas para a prova do Sindicato de classe.
12 - A Escola de Dança do Ventre Asmahan promove Shows e eventos. Isso é uma maneira de difundir a cultura árabe em nossa cidade?


Nadja - Seguramente. Shows, eventos, festivais, mostras de dança, workshops são meio de difundir não só a cultura árabe, como a arte da dança oriental, que vai muito além dela.


 

Entrevista com Nadja El Balady

Por Raphael Melo

*Sobre a Dança do ventre como Exercício Físico.

Raphael – A dança do ventre além de propiciar divertimento conhecimento, ela serve como exercício
físico? Por quê?
 
Nadja - Porque dançar é um exercício físico! Trabalho muscular consciente, coordenação motora, postura, fortalecimento de costas e abdomen, alongamento... tudo isso faz parte das questões corporais relacionadas à dança do ventre.

Raphael - Uma mulher que faz exercícios pratica esportes e etc. Se ela fizer dança do ventre vai
contribuir ainda mais para a sua saúde mental e corporal? Por quê?
 
Nadja - Porque além de exercício físico, a Dança do ventre é uma arte. No processo artístico temos o trabalho das emoções e auto conhecimento. Rompendo limites a mulher eleva também sua auto estima. Tudo isso colabora com sua saúde nos mais amplos aspéctos.
Raphael – A dança do ventre e seus estilos ajudam a desenvolver a coordenação motora nas pessoas?
Nadja - Sim, com certeza. Transferencia de peso, lateralidade, tempo, ritmo, memória corporal...
Raphael - Pessoas procuram a aula com quais interesses?
 
Nadja - A maioria procura uma atividade física diferente na academia de ginástica tradicional. Querem se exercitar realizando algo que possua uma finalidade além de dos resultados da malhação. A dança vem cumprir a lacuna da atividade sem propósito além do físico, justamente por unir arte e movimento.
Raphael – Existe algum tipo de restrição para mulheres fazerem aula?
 
Nadja - A não ser casos de patologias graves de coluna ou outras articulações, nenhuma. Mas no caso de patologias como estas, nenhuma atividade é aconselhável que não fisoterapia...
Raphael - Dança do ventre é uma maneira de distrair a mente e evitar o stress? por quê?
Nadja - Sim, por unir o aspécto artístico ao exercício. No processo artístico, temos o alívio das emoções e o desligamento das atividades cotidianas, funcionando como um respiro para as preocupações do dia a dia.