quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dança do Ventre e Estilo Tribal

Este é um texto antigo, que escrevi no fim de 2007 para o extinto jornal "Raízes do Oriente" e que posteriormente foi reaproveitado para o jornal "Oxigênio", ambos de distribuição gratuita aqui no Rio.
Estive revisando este texto e achei que continua pertinente, principalmente para aquelas que ainda não compreendem exatamente o que é o estilo tribal (ih, ainda tem tantaaas..) mas se sentem atraídas pelo impulso de liberdade de criação a que o estilo remete.
É um texto romântico, do ponto de vista de alguém que vislumbra um novo horizonte e, sem hesitar, se apaixona por um novo caminho artístico de descobertas interiores e ao mesmo tempo de possibilidades de realização.
Ao descobrir o estilo tribal, tive a mesma sensação de quando descobri a dança do ventre.
A sensação de estar voando.
E é esta sensação que busco nunca perder de vista a cada evento, a cada apresentação, a cada nova coreografia. Quando danço com minhas companheiras, quando arrisco uma nova fusão, quando estudo novas sequencias. Voar... surfar nos ventos da criação...
Porque sem isso... ah... não vale a pena...

Eis o texto:

Dança do Ventre e Estilo Tribal
Por Nadja el Balady

A Dança do Ventre é, para muitas mulheres, a porta de entrada para um mundo interior delicado e feminino, coberto pelo véu da cultura ocidental e inatingível àquelas que não se permitem viver em plenitude.
Quando do mergulho na cultura oriental, tudo para nós se torna mágico e revelador, nos parece que rompemos com invisíveis barreiras e que beiramos as margens do rio da liberdade. Retomamos o contato ancestral do ventre que é livre, dos pés descalços e da alma que se expressa através da dança.
O que vamos descobrir ao longo dos anos de estudo em dança do ventre é que ela pertence a uma cultura, e que como toda cultura, impõe regras. Existem regras para os estilos de música, diferentes estilos de dança, regras para usar o figurino certo, para dançar os ritmos, acessórios corretos, maquiagem correta, enfim...
Um oceano de informações que enriquecem e acrescentam à arte da bailarina e que a torna uma transmissora e cumpridora destas regras (com toda a criatividade que lhe é permitido!), à medida que vai se profissionalizando e que, como conseqüência, acaba por se afastar das primeiras sensações de liberdade total e completa do início de sua jornada rumo ao mundo mágico da Dança do Ventre.
O Estilo Tribal vem preencher esta lacuna de liberdade criativa, e permitir novamente que a mulher se lance ao mistério oriental, retorne ao passado e ao mesmo tempo se entregue ao futuro. Não sem motivos, o Estilo Tribal se tornou uma nova referência estética de dança, figurino e música. Esta nova estética permite a fusão de diversas etnias e assim expressar melhor a ancestralidade presente em cada uma. E também sua modernidade, desde que traga o arquétipo do coletivo, do ritualístico e do poder feminino na criação.
E isto, sem (finalmente!) ofender a cultura de ninguém, pois não se trata de movimentos tirados de uma só dança, nem de conceitos referentes a nenhum povo específico, dando liberdade para que as artistas ampliem seu vocabulário gestual, utilizando também técnicas ocidentais e dêem vazão ao seu gosto pelo exótico e alternativo.
Este é o espaço também das tatuadas, dos piercings, dos dread locks e dos cabelos curtos.
Citando Sharon Kihara em sua passagem pelo Brasil, no 2º Encontro Internacional Bele Fusco em 2007, desde a criação do “ATS” (American Tribal Style), até as fusões recentes do tribal com outras linhas estéticas de dança, o que encontramos neste estilo são “mulheres unidas para realizar algo muito poderoso juntas, transformando a si mesmas e as sociedades que as cercam, através da cultura.”
E isto explica tudo.

Tribo Mozuna - ATS

6 comentários:

  1. Show !! Muito bom ... cada um com suas metáforas ... vc com o lance do surf e eu com a viagem na maionese .... kkkk ... maionesse Airlines aqui:http://tribaldamballah.blogspot.com/2010/12/danca-do-espelho-viajando-na-maionese-e.html ... caso queria dar uma olhada !!! Bjx!!! .. Lilliilililiiiiiiii ...

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  2. Oi Nadja! Achei seu texto beeeeeeeeeeem pertinente. Sou da dança do ventre, sabe? Não tem jeito. Minha praia é essa. Já experimentei o tribal, mas sou borboletinha demais pra ele. Risos!
    O que me chama atenção é essa história de poder explorar a criatividade apenas na dança tribal. Entendo que pelo próprio contexto histórico e cultural, a conclusão primária seja essa. Mas, pensa bem, só o fato de fazermos dança do ventre no Brasil, já implica uma mudança na forma de fazer dança do ventre.
    Acho que essa coisa de respeito à cultura, que algumas colegas bellydancers trazem, é mais medo de inovar e explorar outras possibilidades artísticas do que esse dito respeito todo.
    Tenho minhas limitações - tanto em técnica quanto artisticamente, mas acredito que é possível trazer para a dança do ventre essa criatividade que se perdeu nas amarras caxias de algumas de nós.
    Temos aí o tribal - exemplo de arte-transformação, para nos inspirar.
    Eu espero, sinceramente, que as bailarinas de dança do ventre continuem quebando paradigmas. Isso é necessário para a manutenção da nossa sanidade mental e da exploração de nosso potencial artístico.
    Um abraço da Bahia!

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  3. Olá!
    Adorei sua resposta!
    Eu também sou da dança do ventre! Não largo ela por nada!!! Afinal, ela é a raíz e o tronco da arte que desenvolvo e todas as regras que aprendi através dela são matriz do conhecimento que me norteia. Concordo com você, cada corpo tem sua história cultural e fazer dança do ventre no Brasil ou em qualquer lugar do mundo já é em si uma inovação. Mas, anyway, procuro vivenciar meu processo criativo de todos as maneiras, seja interpetando Tarab em uma MPB, ou dançando com a banda U2 Cover Rio, ou ainda com a música do leste europeu da Go East Orkestar, minha dança do ventre está viva, mutante e livre para me fazer voar até o horizonte que eu almejar...
    Mas estes novos horizontes realmente precisaram das inovações tribais para serem despertados, pelo menos, dentro de mim...
    Através do estudo do tribal, do conhecimento processo histórico da dança do ventre americana, que culminou com sua criação, e também do estudo histórico da formação da própria dança do ventre cênica no Egito, esta dança do ventre que foi parar nos cinemas e que se desenvolveu ao longo do século XX, que é a que praticamos...
    Pensei finalmente que esta é uma arte viva como uma árvore...
    Que tem raízes profundas na história da humanidade, que tem o tronco nutrido pela matriz árabe e que se ramificou em muitos galhos, frutos e flores por todo o mundo afora...
    Uma nova criação é apenas mais uma destas flores...
    Então? Porque não florescer, não é mesmo?
    Beijos!
    Nadja

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  4. Bety, adorei! Vou lá ver suas metáforas! Grande beijo!

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  5. Aliás, adorei isto... vou transformar este debate em um novo post... =D

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  6. Bom dia, Tudo bem?

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